A roda morreu
O samba parou
Só sobrava eu
Quando o sol chegou
E invadiu
Meu olhar
Ainda embalado
Pelo embriagar
Encontro refúgio no colo do copo
Troco a tristeza por celebração
Não saio da festa até perder o foco
Tropeço nas pernas dessa solidão
Já sou tarimbado em cair na calçada
Já vendi fiado minha humilhação
No ato da queda já não sou de nada
Até recobrar a razão
Entrego a alma
No corpo da cama
Levanto com calma
A roda me chama
Entrego a alma
No corpo da cama
Levanto com calma
A roda me chama
Chegou
Na vibração dos tambores
Na resposta das pastoras
No povo todo a cantar
E na ilusão
Do balcão do bar
Finjo que o tempo já é bom pra sonhar
Chegou
No romper da madrugada
Já não preciso de nada
Pra garantir o meu bem-estar
Mas meu coração
Sabe onde está
Toda solidão que me faz chorar